Em primeiro lugar, o mediador é aquele que cria oportunidades de leitura a partir de uma seleção criteriosa de obras e que ajuda de forma acolhedora e estimulante o leitor a enfrentar os desafios de entrar em um novo universo literário. O mediador também tem o papel de dar suporte ao leitor infantil na compreensão da obra. Cabe ainda ao mediador oferecer uma escuta ativa e proporcionar trocas que desenvolvam laços afetivos e ampliem os sentidos da leitura, por meio de conversas ou abrindo espaço para que o leitor expresse de outras maneiras os efeitos que a experiência literária lhe causou.
Ações importantes na mediação da Literatura Infantil
Uma boa obra literária, impressa ou digital, estimula os sentidos e a imaginação do leitor. Assim, a seleção de obras de qualidade é o primeiro passo da mediação. Em qualquer contexto de leitura, uma ambientação lúdica, um espaço confortável e adequado aos movimentos corporais são elementos a considerar na mediação. Durante a leitura, que pode ser individual ou compartilhada, dependendo do contexto, da quantidade de dispositivos e do propósito - é importante incentivar a participação e dar tempo para que a(s) criança(s) possa(m) interagir. Cabe ao mediador observar o movimento de leitura da(s) criança(s) e avaliar a necessidade de lançar perguntas ou comentários que estimulem os leitores a descobrirem novos recursos e a refletirem sobre a obra. Após a leitura, as conversas literárias com o mediador ou entre as crianças, em que se compartilham impressões, dificuldades, efeitos emocionais, além das diversas interpretações, são excelentes oportunidades para ampliar a compreensão da obra e para mostrar o caráter polissêmico da literatura. É importante promover situações de releitura, tantas quantas o leitor desejar e necessitar para que se aproprie do texto literário. Nos espaços de leitura, é preciso planejar as releituras de forma progressiva, considerando a alternância entre leituras livres, autônomas, compartilhadas ou guiadas. No entanto, basta lembrar como descobrimos, nos primeiros anos da vida, esses livros que deixaram rastros em nossa infância e, talvez, aparecerão nítidas algumas figuras que foram nossos mediadores de leitura: esses adultos íntimos que deram vida às páginas de um livro, essas vozes que liam para nós, essas mãos e estes rostos que nos apresentavam os mundos possíveis e as emoções dos livros.
Os mediadores de leitura, consequentemente, não estão somente na escola, mas no lar, nas bibliotecas e nos espaços não convencionais como os parques, os hospitais, entre outros. Durante a primeira infância, quando a criança não lê sozinha, a leitura é um trabalho em parceria e o adulto é quem vai dando sentido a essas páginas que para o bebê não seriam nada, sem sua presença e sua voz. Por isso, os primeiros mediadores de leitura são os pais, as mães, os avós e os educadores da primeira infância e, paulatinamente, à medida que as crianças se aproximam da língua escrita, vão se somando outros professores, bibliotecários, livreiros e diversos adultos que acompanham a leitura das crianças.
O trabalho do mediador de leitura não é fácil de reduzir a um manual de funções. Seu ofício essencial é ler de muitas formas possíveis: em primeiro lugar para si mesmo, porque um mediador de leitura é um leitor sensível e perspicaz, que se deixa tocar pelos livros, que desfruta e que sonha em compartilhá-los com outras pessoas.
Beijos!
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